Procurando os DOCs no Brasil

Ciao amici!

Sei que muitos estão começando a procurar os documentos necessários para apresentar ao comune/consulado para requerer a tão sonhada Cidadania Italiana.

Vou contar um pouquinho como eu comecei a busca dos meus documentos.

Como já comentei aqui, a família da minha mãe não é muito próxima, pois quando ela era bem pequena a mãe morreu e o meu avô acabou “distribuindo” os filhos quando casou com a segunda esposa.

Então, não tive como conversar com meus ascendentes/parentes próximos para conseguir mais informações, e os que estão vivos ainda não conhecem muito as nossas origens, mas essa é uma das melhores maneiras de começar a buscar os documentos que precisamos!

Na época que comecei as buscas, as comunidades do Orkut ajudavam muito reunindo vários ramos das famílias perdidas por esse Brasilzão!

Entrando na comunidade da Família Zanella, descobri que um parente distante tinha reconhecido a cidadania Italiana pelo consulado de Curitiba na década de 90, e o ramo familiar era próximo do meu. No caso, o nosso Dante Causa era o mesmo, mas o bisavô do moço era irmão do meu bisavô!

O consulado Italiano de Curitiba te deixa utilizar “a pasta” de documentos de parentes que já tiveram a cidadania reconhecida, então eu não precisaria apresentar os documentos do ITALIANO, apenas as certidões de nascimento, casamento e óbito – quando for o caso –  do meu bisavô (filho do italiano) até mim.

Em 2012 eu entrei na fila de espera e comecei a reunir todas as informações e certidões que precisaria para o reconhecimento.

Através do site familysearch.org – registro free – iniciei minhas pesquisas e comecei a montar minha árvore genealógica, afinal eu só tinha em mãos a certidão de nascimento da minha mãe e a minha. Eu apenas sabia onde minha mãe tinha nascido, os nomes dos pais e avós dela, onde e quando meu avô tinha falecido e a idade em que minha avó faleceu.

A cada registro encontrado era um misto de alegria, surpresa e um autoconhecimento inexplicável, pois ao saber da origem dos meus antepassados passei a entender da onde vinha a força da minha mãe, a sua vontade de ter uma vida melhor e poder me proporcionar oportunidades que ela não teve quando mais jovem.

Além das pesquisas no site, enviei vários e-mails e fiz um tanto de ligações, pois nem todos os registros estavam disponíveis on-line, nem sempre o acesso a informação foi fácil, os cartórios podem ser um pouco difíceis de vez em quando. hehe

Um registro sempre continha informações importantes para que eu conseguisse a próxima certidão, um lugar de nascimento, um sobrenome diferente, uma data aproximada de nascimento em um registro de casamento…

Aos poucos eu encontrei todos os registros, e a cada um que achava, eu solicitava ao cartório uma via em “simples relato” para ter comigo as informações necessárias para,  quando chegasse mais próximo de ser chamada, solicitar as certidões todas em inteiro teor para apresentar ao consulado.

Em nenhum momento tive a intenção de fazer o processo de reconhecimento na Itália. 

A certidão mais emocionante que encontrei foi a certidão de óbito da minha avó – uma que nem precisava para o processo – e lá estava escrito:

Registro nº 1.119 Talão 7 Folha 7.

Aos quatro dias de setembro de mil novecentos e cinquenta e sete, nesta cidade de Rodeio zona do distrito e se sede, comarca de Indaial, em meu cartório compareceu Germano Vendramin, brasileiro, lavrador, casado, residente e domiciliado no lugar São Pedro Novo, e por ele me foi declarado que no dia 4 de setembro de 1957, às doze (12) horas em sua residência, no lugar São Pedro Velho, faleceu Auclides Zanella, do sexo feminino, cor branca, de 26 anos de idade, profissão doméstica, nacionalidade brasileira, nascida em Timbó, residente e domiciliada no lugar São Pedro Nov, deste distrito, estado civil casada, filha legítima de Manoel Dallabrida e de Miralda Dallabrida, ambos brasileiros naturais deste Estado, residentes e domiciliados no município de Timbó. Deixou bens a inventariar.

Filhos: Iracema Zanella, com 7 anos de idade. Irene Zanella, com 4 anos de idade. Iraci Zanella, com 5 anos de idade. Ilário Zanella, com 6 anos de idade. Ivete Zanella, com 1 ano de idade, e Euclides Zanella, com 7 horas de vida. 

Foi causa da morte: colapso cardíaco, e a doença: hemorragia post-partum conforme atestado fornecido pelo Dr. Heitor Baggio. O sepultamento vai ser feito no cemitério desta cidade.  

Do que lavrei este que lido e achado conforme vai devidamente assinado pelo declarante, e por mim, escrevente juramentada, o escrevi e assino. 

Vilma Zermiani.

Admito que chorei e ainda me emociona.

😉

 

 

 

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